sexta-feira, 18 de junho de 2010

O Buraco


::O Buraco::

1.Ando pela rua.Há um buraco fundo na calçada.Eu caio...Estou perdido... Sem esperança.Não é culpa minha.Leva uma eternidade para encontrar a saída.

2.Ando pela mesma rua.Há um buraco fundo na calçada.Mas finjo não vê-lo.Caio nele de novo.Não posso acreditar que estou no mesmo lugar.Mas não é culpa minha.Ainda assim leva um tempão para sair.

3.Ando pela mesma rua.Há um buraco fundo na calçada.Vejo que ele ali está.Ainda assim caio... É um hábito.Meus olhos se abrem.Sei onde estou.É minha culpa.Saio imediatamente.

4.Ando pela mesma rua.Há um buraco fundo na calçada.Dou a volta.

5.Ando por outra rua.

Texto extraído de O Livro Tibetano do Viver e do Morrer, de Sogyal Rinpoche (Ed. Talento/Palas Athena)

Infelizmente, muita gente prefere continuar caindo no mesmo buraco. Às vezes, desenvolve até um prazer mórbido nisso, como uma forma de chamar a atenção pra si. Estes já têm sua recompensa. O ruim é quando arrastam outros consigo; outros que não queriam estar nesta situação, mas, por compaixão, dever, necessidade ou pura falta de opção, acabam caindo também. Aí a pessoa gera karma ruim não só para ela, mas cria uma dívida kármica com os outros.

Resta o consolo de que tudo, por pior que seja, é aprendizado.

Quando será que aprenderemos, como país, a dar a volta no buraco e mudar de rua sempre que necessário?

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