O silêncio é música
por
Por definição, o “Silêncio é a ausência total ou relativa de sons audíveis”.
Vivemos em um mundo cada vez mais barulhento em todos os sentidos.
Somos bombardeados pelos sons urbanos, ruídos indesejáveis, conversas
inoportunas, gritos, máquinas, e muitos mais. Inevitáveis sons que não
controlamos porque a audição é um sentido incontrolável. Se eu não
quiser ver, fecho os olhos. Se não quiser sentir o gosto de alguma
coisa, fecho a boca, mas, bloquear totalmente os ouvidos é mais
complicado. Haja tampão…
Nestas horas, partimos quase sempre para um plano B bem eficaz; a
troca do som externo pouco interessante por um player qualquer acoplado a
headphones. Ah! Santo alívio! Nesta hora nos
tornamos donos da nossa audição, podemos selecionar o quê ouviremos, o
volume desejado, alinhar o nosso momento ao que será ouvido, enfim, nos
tornamos independentes do mundo exterior e ficamos senhores de nossa audição, graças à tecnologia.
Porém, há momentos em que não queremos escutar nada, absolutamente
nada… Por diversas razões – e aqui me arrisco a duvidar de cada um que
lê este texto se já não sentiu esta necessidade – o silêncio torna pura e
bela a música para nossos pobres ouvidos. Vira uma completa sinfonia
harmoniosa que nos relaxa e acalma como se fosse um mergulho ao nosso
próprio interior onde podemos sentir o coração bater, a nossa
respiração, o pulsar do sangue em nossas veias, é um momento de encontro com nosso próprio ser. Quem o diga os terapeutas que usam e abusam destas técnicas.
É desconectar, desplugar do mundo real e viajar no vazio, no espaço
etéreo do silêncio exterior. Minutos parecem horas, uma fração de tempo
ao não escutar nada nos dá tanto ou mais prazer que a melhor música
imaginável poderia nos fornecer. E é tão bom não ter ninguém “buzinando”
em nossos ouvidos, esquecer aquela voz chata e inevitável de ouvi-la,
não ter que escutar um papo bobo, uma reclamação, um ruído… O silêncio é
bom e terapêutico.
Discordo de um filósofo que diz: “Há algo de ameaçador num silêncio prolongado”. O silêncio não é assustador, é sábio.
É muito melhor não dizer palavras das quais nos arrependeremos mais
tarde do que ficarmos em silêncio e aproveitarmos o tempo para pensar
melhor no que possivelmente seria dito no calor da hora, da desavença,
do descontrole. Saber se calar é uma arte e a boca pune quem tudo diz, e geralmente quem tudo diz não gosta de escutar tudo o que lhe é dito.
Portanto, o silêncio ensina, acrescenta, faz crescer, melhora o
raciocínio, acalma o coração e faz pensar. Em sua essência, o silêncio é
música pura.
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